Acompanhamento para questões raciais

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 54% da população brasileira é formada por negros. Na ponta do lápis, dá 113 milhões de pessoas. Ainda assim, todos os espaços de poder na sociedade brasileira são ocupados por pessoas brancas. Um dos efeitos disso é entrar num processo inconsciente de rejeição a si mesmo, seguido de um desejo de embranquecimento.  

Diante desta realidade, a Psicologia Preta vem ganhando força no Brasil com a constatação de que a formação acadêmica dos psicólogos é basicamente fundamentada por autores brancos e uma cultura acadêmica esbranquiçada. Se você é uma pessoa negra, provavelmente já passou por atendimento especializado com profissionais que não souberam lidar com as particularidades da sua vivência social, cultural e emocional. 

Ser um ser humano preto no Brasil traz marcas estruturais que não podem ser deixadas de lado no acompanhamento psicológico clínico. O adoecimento mental também é fruto de um processo de invisibilidade social que muitos negros viveciam na sua vida. A prática clínica não pode ser uma reprodução desse processo de invisibilidade e silenciamento das produções de sentido das vivências negras. 

Nossa atuação clínica visa a superação de toda forma de violência e preconceito ético-racial vivenciada nas relações sociais.

Ainda existe racismo no Brasil? 

Infelizmente existe.  O racismo consiste na ideologia de que existem raças inferiores a outras, atribuindo a esta crença as desigualdades sociais, culturais, políticas, psicológicas e, portanto, legitimando as diferenças sociais e julgamentos morais entre grupos raciais com base em supostas diferenças biológicas. Essas diferenças existem, porém, isso não significa que um grupo racial é melhor do que outro, na verdade são apenas DIFERENTES. 

Somos todos seres humanos com seus desafios e diferenças. O que justifica existir uma Psicologia Negra para as pessoas negras? A psicologia não compreende e trabalha com pessoas brancas e negras?

A Psicologia Preta oferece um série de ferramentas que diante de tantas violências do racismo, ajuda a promover a saúde mental da população negra, baseado em autores pretos que possuem um lugar de fala qualificado para melhor nomear e compreender a subjetividade e sofrimento desse público. É muito importante levar em consideração os impactos do racismo na subjetividade negra para não deslegitimar o sofrimento do paciente e traçar estratégias para a promoção da saúde mental. É importante atuar de forma contextualizada à realidade, ao vocabulário de quem se atende, o que implica em muita escuta e alinhamento dos modos de atuação. 

Não existe um fazer clínico neutro e geral. Tudo o que a pessoa fala precisa ser considerado em seu contexto. A clínica pretensamente neutra é racializada, porque é voltada para pessoas brancas. Por isso trabalhamos de uma forma contextualizada que privilegia as particularidades de cada vivência humana. 

Quais são os impactos do racismo na saúde mental da população negra?

Quadros de ansiedade e depressão são muito comuns entre pessoas negras. Segundo estimativa da ONU, a cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil. E, na maioria das vezes, esse homicídio é praticado pelo próprio Estado, por meio de operações policiais em comunidades carentes. 

Independente da classe social, o racismo deixa marcas profundas e evidentes no emocional. Viver em um país racista como o nosso tem efeitos nocivos sobre a saúde mental dos negros. 

Tudo isso conspira para um maior risco de suicídio, visto que sentimentos de rejeição, inferioridade e não pertencimento são comuns na população negra e fatores de risco para o suicídio. 

Quem são os atores do racismo? 

Muitas vezes a própria família internaliza o racismo e educa seus filhos de forma racista. Não é fácil se desvincular do racismo estrutural e ter uma atitude anti racista. Neste sentido os profissionais da saúde têm um papel fundamental de trabalhar tanto o paciente quanto sua família. Nosso objetivo é conscientizar os familiares sobre a violência intrínseca ao racismo e trazer reflexões importantes para a superação do preconceito e o fortalecimento do paciente para lidar com situações desafiadoras que muitas vezes são sutis e veladas para despertar a confiança na construção de uma sociedade mais igualitária. 

Devo procurar um terapeuta negro para trabalhar questões raciais?

Pesquisas recentes demonstram que tanto psicólogos negros como psicólogos brancos sentem dificuldade ou não se sentem preparados para trabalhar questões raciais no setting terapêutico. Isso acontece porque a formação de ambos os profissionais foi marcada por uma defasagem de conteúdos concernentes às relações raciais no meio acadêmico. Assim como muitos profissionais negros também se percebem com fortes internalizações de uma cultura eminentemente racista, muito comum n a cultura brasiliera.

Ser atendido por um psicólogo negro pode trazer uma aproximação empática maior pelo fato de haverem indentificações de vivências semelhantes nas estórias de vida. Mas vale ressaltar, que tanto os psicólogos negros quanto os brancos devem buscar ampla literatura no sentido de estarem capacitados para trabalharem essa problemática.Assim, os dois podem ter uma postura ativa de aceitação e acolhimento que farão toda diferença no resgate da identidade e enfrentamento do sofrimento da população negra.

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