Avaliação (laudo) para cirurgia bariátrica

Você já realizou todos os tratamentos possíveis para perder peso e não conseguiu? Chegou ao ponto de ficar triste, angustiado e sem esperanças por conta disso? A cirurgia bariátrica muitas vezes se torna uma opção eficaz para auxiliar o emagrecimento e resolver o problema.

Essa cirurgia geralmente é indicada para quem já fez várias tentativas de tratamento malsucedidas e que tenha um IMC (Índice de Massa Corporal) maior que 40,0 kg/m² ou maior que 35 kg/m² na presença de outras doenças (comorbidades), como hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, diabete melito tipo 2, doença cardíaca coronariana, infarto do miocárdio, doenças da vesícula biliar, osteoartrite, apneia do sono e problemas respiratórios, entre tantos outros.

Para calcular o IMC, divida o seu peso em quilos pela sua altura em metros duas vezes. Então se você pesa 124 kg e tem 1,74 m, seu IMC será igual a 40,95 kg/m². Portanto, você é um candidato à cirurgia bariátrica.

São várias as técnicas cirúrgicas utilizadas. Atualmente, as mais comuns são a Banda Gástrica, Gastroplastia Vertical (Sleeve) e o Bypass gastrojejunal em Y de Roux. As duas primeiras são do tipo restritiva, que diminui o tamanho do estômago e limita a quantidade de comida que você vai conseguir ingerir. Já a última, o Bypass, é restritiva e também disabsortiva, diminuindo a quantidade de calorias que são absorvidas com os alimentos.

É fundamental realizar um acompanhamento com equipe multidisciplinar, contando com endocrinologista, cardiologista, nutricionista, psicólogo, educador físico e psiquiatra. Esse seguimento é necessário tanto antes da cirurgia, no pré-operatório, como depois, no pós-operatório, para garantir que aconteça uma boa perda de peso e que ela se mantenha de forma continuada. 

A avaliação psiquiátrica e psicológica é importante para identificar se você tem algum transtorno, como depressão, ansiedade, insônia, etc., o seu padrão de alimentação, o melhor momento para fazer a cirurgia, sua autoimagem, insatisfação com o corpo, as expectativas com o procedimento, entre vários outros fatores.

O laudo, portanto, não é apenas uma autorização para fazer a cirurgia. É sobretudo uma forma de ajudar que o procedimento seja o mais eficaz possível. 

Os adoecimentos psíquicos são bem comuns em pessoas com obesidade, porque essa questão traz um sofrimento subjetivo significativo. Alguns estudos mostram que até 20% das pessoas com obesidade podem ter depressão, quase 50% tem algum sintoma ou transtorno de ansiedade e cerca de 20% podem apresentar alcoolismo ou dependência química.

Então, ter depressão ou ansiedade não exclui a possibilidade de fazer essa cirurgia. Poucos transtornos contraindicam de forma absoluta a bariátrica. O mais importante é que esses problemas sejam tratados, e que a pessoa tenha uma melhora antes de fazer a cirurgia.

O padrão de alimentação e a psicopatologia alimentar devem também ser avaliados.

Os principais comportamentos alimentares problemáticos são o Transtorno de compulsão alimentar; comportamento de beliscar (ou Grazing, em inglês); Comer emocional; Perda de controle ao comer, e a dependência à comida.

A compulsão alimentar é um diagnóstico bem específico, não é só a impressão de estar comendo de um jeito compulsivo. Nesse caso, a pessoa, em uma ou duas horas, precisa comer uma quantidade de comida maior que a maioria das pessoas não comeria. A pessoa perde o controle sobre o tanto de comida que ingere. Ela pode comer muito rápido até ficar muito cheia, ou mesmo sem sentir fome. É comum que também coma sozinha ou se sinta triste, culpada ou envergonhada depois. Esses episódios geralmente acontecem pelo menos uma vez por semana, mas, em casos mais graves, até duas vezes por dia. Essa compulsão alimentar precisa de tratamento, antes de realizar a cirurgia.

O comportamento de Beliscar, ou Grazing, se refere à ingesta de pequena quantidade de comida várias vezes ao dia. Pode acontecer de forma compulsiva, quando a pessoa perde o controle do quanto está comendo, ou não-compulsiva, que ocorre ao longo do dia de um jeito mais distraído. O Beliscar é importante porque diminui a perda de peso após a cirurgia e o ganho do peso que foi perdido.

 O comer emocional acontece em resposta a algum evento estressor ou emoção incômoda, como tristeza, culpa, raiva, frustração, vergonha ou embaraço, independente da sensação de fome. A alimentação nem sempre ocorre logo após o incidente, podendo, às vezes,  demorar algumas horas. Isso torna mais difícil relacionar o impulso de comer às emoções e aos acontecimentos.

A perda de controle ao comer é uma sensação subjetiva de descontrole ao se alimentar. É diferente da compulsão alimentar objetiva, por que não há necessariamente a ingestão de grande quantidade de comida em um certo tempo, mas sim a percepção de que não é possível controlar o quanto se come. Costuma acompanhar os outros comportamentos acima e é importante ser avaliada porque costuma diminuir muito a autoconfiança e auto eficácia da pessoa.

Já a dependência à comida é um conceito mais novo, ainda em construção, mas que compara a dificuldade de alimentação ao alcoolismo e à dependência química. Essa ideia vem crescendo porque os mecanismos cerebrais dos comportamentos compulsivos são semelhantes nos dois transtornos.

Geralmente quem apresenta obesidade e é candidato à cirurgia bariátrica tem algum tipo de transtorno alimentar ou adoecimento relacionado à alimentação, mas nem sempre o Transtorno de Compulsão Alimentar, que foi detalhado acima. Por isso é importante avaliar os outros padrões de comportamento a fim de oferecer o melhor tratamento possível.

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