Tratamento da Esquizofrenia

A esquizofrenia é um transtorno que acomete cerca de 1% da população. Seu quadro é caracterizado por sintomas que podem ser incluídos em três grandes grupos: os positivos,  os negativos e os cognitivos. Os primeiros tratam dos delírios(crenças errôneas) e alucinações ( alterações da sensopercepção tais como vozes ou visões). O isolamento social, o distanciamento do afeto, a perda de interesses, de iniciativa e de planejamento, todos compõem os sintomas negativos. Prejuízos da memória, concentração,  raciocínio e abstração costumam fazer parte da esquizofrenia. Existem algumas características anteriores à abertura do quadro , e este costuma ser progressivo. O tratamento precoce é a melhor estratégia para minimizar os danos, especialmente, no primeiros anos de transtorno. As medidas medicamentosas têm importante papel na evolução dos casos, melhorando a qualidade de vida, remitindo sintomas e prevenindo desfechos graves.

Quais são as medicações utilizadas para tratar a esquizofrenia?

As medicações utilizadas são os antipsicóticos , cujo mecanismo principal é o antagonismo dos receptores dopaminérgicos D2. Os primeiros antipsicóticos foram chamados de primeira geração  ou típicos, sendo os mais conhecidos o haloperidol , a clorpromazina e a levomepromazina. Posteriormente, foram lançadas drogas mais modernas, os de segunda geração ou atípicos, tendo a promessa de menos efeitos colaterais e melhor perfil de ação. São exemplos a risperidona, a olanzapina, a quetiapina, a ziprasidona, o aripiprazol, dentre outros. Atualmente, sabe-se que a eficácia de ambos é bastante semelhante, porém, os últimos costumam ser melhor tolerados pelos pacientes. 

Existem efeitos colaterais das medicações?

Sim, toda medicação pode acarretar efeitos indesejáveis. As primeiras levas de antipsicóticos cursavam com muitos sintomas ditos extrapiramidais, ou seja, tremores, rigidez, fasciculação da língua. Os medicamentos de segunda geração reduziram tais eventos, mas tiveram certo impacto no peso e em aspectos metabólicos. Ultimamente, têm surgido fármacos com menor chance de ocorrência de tais sintomas e com excelente perfil sobre o metabolismo, tornando-se, assim, a escolha mais indicada para o tratamento da esquizofrenia. Mesmo para aqueles que não têm acesso a medicações modernas, existem estratégias como associação com outras medicações que amenizam grandemente tais efeitos adversos.

Existem opções para quem não deseja comprimidos?

Muitas vezes, um grande problema é a adesão às medicações,  seja por esquecimento ou resistência à tomada diária. Existem disponíveis no arsenal terapêutico opções injetáveis de longa duração, cujo efeito permanece por semanas a meses, evitando assim as interrupções. Dentre eles, podemos destacar o decanoato de haloperidol, o decanoato de zuclopentixol e o palmitato de paliperidona. Vale salientar que o tratamento regular está associado a menor chance de internação, melhor evolução do quadro e mais autonomia.

O que fazer quando as primeiras medicações não funcionam?

Para casos mais resistentes, existe a opção de utilização de um medicamento chamado clozapina, que promove boa resposta para essas situações, ainda que necessite da realização de exames laboratoriais mais frequentes. Foi uma medicação descoberta na década de 50, que ficou muitos anos esquecida, sendo percebida sua importância e eficácia anos depois.

Além de remédios, há algo mais a ser feito?

Além das medicações, não se deve esquecer da importante contribuição das medidas não medicamentosas. Psicoeducação, atividade física, psicoterapia para o indivíduo e para a família são fundamentais na jornada de tratamento. Um conceito bastante atual é o de Hope(esperança) e Recovery( recuperação), constando de comunicação e condutas que envolvam preservação da autonomia e da funcionalidade do indivíduo, evitando podar aquilo que a pessoa consegue fazer, estimulando tarefas e aptidões e trabalhando também significados de vida e propósitos. Por último, não se pode esquecer que, além de todos esses aspectos, a saúde física do paciente com esquizofrenia deve ser monitorada com consultas regulares ao clínico ou especialista.

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