Tratamento para insônia
A insônia afeta grande parcela da população, podendo ser tanto um sintoma quanto um transtorno prolongado. Pelo menos metade das pessoas experimentará insônia em algum momento da vida, geralmente, de maneira isolada e de curta duração, mas outros sofrerão noites mal dormidas por período considerável da vida. Ter dificuldades para iniciar o sono, acordar no meio da noite ou antes da hora programada são todos tipos de insônia, podendo inclusive ocorrer mais de um tipo no mesmo indivíduo.
Como é classificada a insônia?
A insônia pode ser classificada de várias maneiras: quanto ao período da noite em que ocorre, quanto ao tempo de duração, quanto à associação ou não com outras condições. Quando ocorre dificuldade em iniciar o sono, ou seja, demora-se mais do que 30 minutos para dormir, chamamos de insônia inicial. Já quando existem despertares no meio da noite com dificuldade para adormecer, classificamos como intermediária; além do mais, acordar antes do programado sem conseguir dormir mais é o dito despertar precoce ou insônia terminal. A insônia pode vir sozinha(primária) ou mais comumente estar associada a algum transtorno psiquiátrico (secundária ou comórbida) como depressão e ansiedade ou a condições clínicas gerais( asma, doenças da tireoide, apneia do sono, etc).
Quando a insônia dura menos do que três meses, é denominada aguda, ao passo que aquela que persiste por mais de três meses e acontece pelo menos três vezes por semana pode ser nomeada transtorno de insônia crônica.
Por que a insônia tem se tornado tão comum?
As mudanças no estilo de vida têm contribuído sobremaneira para a ocorrência de insônia, em especial, o uso prolongado de telas e luz artificial, o consumo de estimulantes, o sedentarismo e os níveis elevados de ansiedade. Vivemos em uma época em que o sono deixou de ser uma prioridade, sendo comum os estados de privação do mesmo. Nesse sentido, preocupações com o horário de dormir e acordar e com o tempo suficiente de descanso tornaram-se secundárias.
Quais as consequências de dormir mal?
A privação de sono tem consequências importantes na qualidade de vida, na saúde mental e física. Diversos estudos demonstram que uma noite mal dormida pode gerar prejuízos cognitivos a curto e longo prazo, além de aumentar o apetite. Períodos prolongados de insônia estão associados ao risco de doenças cardiovasculares, diabetes, depressão, câncer e demência. Insônia crônica pode levar à redução do tempo de vida saudável de um indivíduo e aumento da mortalidade. Cada vez mais estudos apontam a necessidade de uma boa noite de sono para uma vida longeva e saudável, sendo o tempo ideal aquele entre 6 a 8 horas de sono. Período maiores do que 10 horas ou menores do que seis estão relacionados a maiores agravos à saúde.
Como é feito o tratamento da insônia?
O tratamento da insônia envolve primariamente a correção de hábitos, o que chamamos de higiene do sono, e a resolução da causa de base (quando comórbida). Porém, é sabida a dificuldade de mudança de alguns comportamentos sem ajuda adequada. Para tanto, atualmente, o tratamento mais eficaz e considerado padrão-ouro é a psicoterapia cognitivo-comportamental voltada para insônia (TCC-I). São trabalhadas crenças e comportamentos relacionados ao dormir, levando a excelentes resultados, que são percebidos também a médio e longo prazo. Em alguns casos, podem ser utilizadas também medicações hipnóticas tais como drogas Z (zolpidem, eszopiclona), benzodiazepínicos(clonazepam), antidepressivos, drogas melatoninérgicas, antipsicóticos. Lembrando que a indicação decorre do tipo de insônia, do tempo a ser utilizado, das condições associadas, dependendo exclusivamente de um profissional médico qualificado para sua realização. Automedicação pode ser muito danosa e gerar dependência. O uso de medicamentos é preferencialmente ministrado por períodos curtos e deve ser associado à psicoterapia. Por fim, o tratamento da insônia é extremamente necessário e promotor de ganhos na qualidade de vida, saúde física e mental.